A importância da gastroproteção no tratamento da osteoartrite

A osteoartrite é uma das principais causas de dor incapacitante a nível mundial

A osteoartrite (OA) corresponde ao processo inflamatório de uma ou mais articulações.

Pode manifestar-se por dor, com limitação da funcionalidade e diminuição da qualidade de vida dos doentes. Atualmente, é uma das principais causas de dor e incapacidade a nível mundial, afetando mais frequentemente as articulações periféricas, nomeadamente joelhos, anca e articulações das mãos.1,2

Os anti-inflamatórios não-esteroides são essenciais no tratamento da OA, mas atenção ao uso crónico de AINE por via sistémica

A toma oral de anti-inflamatórios não-esteroides (AINE) é uma das principais estratégias utilizadas no alívio sintomático da OA, especialmente em doentes em que o uso tópico de AINE se revela insuficiente.1 No entanto, numa grande parte dos doentes, a toma crónica de AINE representa um risco aumentado de complicações cardiovasculares, renais e gastrointestinais. As complicações podem ser agravadas, sobretudo em doentes com diabetes mellitus e hipertensão arterial, pelo que é fundamental ter especial atenção nestes casos.3,4

Os sintomas gastrointestinais não são preditores fiáveis da ocorrência de complicações graves

Em relação às complicações gastrointestinais (GI), embora possam existir sintomas que precedem lesões em doentes que tomam AINE, como por exemplo refluxo gastroesofágico, mais de metade dos indivíduos não descreve qualquer tipo de sintoma prévio. Por outro lado, muitos dos indivíduos que descrevem sintomas GI não apresentam qualquer tipo de lesão do trato gastrointestinal.5 Reconhecer os doentes com risco de complicações gastrointestinais é fundamental, em particular os que têm idade avançada (mais de 60 anos), história prévia de hemorragia e úlceras gástricas, ou que utilizam outros fármacos que podem contribuir para risco de complicações (nomeadamente, aspirina em baixas doses ou anticoagulantes).4,6,7

A gastroproteção é recomendada como prevenção de reações adversas gastrointestinais

Diversas recomendações terapêuticas vieram sublinhar a importância do uso concomitante de inibidores da bomba de protões (IBP) e AINE, como estratégia de redução do risco de úlceras do trato gastrointestinal superior.8 Contudo, apesar das recomendações, em mais de 50% dos doentes com fatores de risco para complicações gastrointestinais não é prescrita gastroproteção. Além disso, menos de 20% dos doentes não aderem à co-prescrição do IBP, apontando como principais razões o esquecimento e a intensidade reduzida dos sintomas gastrointestinais.  A evidência mostra que, nestes casos, os doentes com fatores de risco apresentam maior probabilidade de complicações graves.8,9

O sucesso do tratamento da OA passa por alternativas que previnam reações adversas gastrointestinais

Os doentes devem ser cuidadosamente avaliados e a sua gestão deve ser fundamentada nas recomendações terapêuticas, de modo a oferecer opções com a melhor relação custo-efetividade e a maior segurança. Assim, a co-prescrição de IBP e AINE é uma abordagem a considerar no tratamento da OA. É essencial prevenir efeitos adversos graves, nomeadamente gastrointestinais, que possam comprometer a qualidade de vida dos doentes e que impliquem um maior uso de recursos em saúde.8

Referências:

  1. National Clinical Guideline Centre (UK). Osteoarthritis: Care and Management in Adults. London: National Institute for Health and Care Excellence (UK); 2014 Feb. PMID: 25340227.
  2. Neogi T. The epidemiology and impact of pain in osteoarthritis. Osteoarthritis Cartilage. 2013 Sep;21(9):1145-53. doi: 10.1016/j.joca.2013.03.018. PMID: 23973124; PMCID: PMC3753584.
  3. Scheiman JM. The use of proton pump inhibitors in treating and preventing NSAID-induced mucosal damage. Arthritis Res Ther. 2013;15 Suppl 3(Suppl 3):S5. doi: 10.1186/ar4177. Epub 2013 Jul 24. PMID: 24267413; PMCID: PMC3891010.
  4. Pham K, Hirschberg R. Global safety of coxibs and NSAIDs. Curr Top Med Chem. 2005;5(5):465-73. doi: 10.2174/1568026054201640. PMID: 15974941.
  5. Van de Laar, M., Schöfl, R., Prevoo, M. and Jastorff, J., Predictive value of gastrointestinal symptoms and patient risk factors for nsaid-associated gastrointestinal ulcers? An analysis using naproxen data from randomised phase 3 clinical trials. Poster presented at Dutch Pain Congress in 29 October 2021.
  6. Langman MJ, Weil J, Wainwright P, Lawson DH, Rawlins MD, Logan RF, Murphy M, Vessey MP, Colin-Jones DG. Risks of bleeding peptic ulcer associated with individual non-steroidal anti-inflammatory drugs. Lancet. 1994 Apr 30;343(8905):1075-8. doi: 10.1016/s0140-6736(94)90185-6. Erratum in: Lancet 1994 May 21;343(8908):1302. PMID: 7909103.
  7. Sostres C, Carrera-Lasfuentes P, Lanas A. Non-steroidal anti-inflammatory drug related upper gastrointestinal bleeding: types of drug use and patient profiles in real clinical practice. Curr Med Res Opin. 2017 Oct;33(10):1815-1820. doi: 10.1080/03007995.2017.1338178. Epub 2017 Jul 5. PMID: 28569554.
  8. Scarpignato C, Lanas A, Blandizzi C, Lems WF, Hermann M, Hunt RH; International NSAID Consensus Group. Safe prescribing of non-steroidal anti-inflammatory drugs in patients with osteoarthritis–an expert consensus addressing benefits as well as gastrointestinal and cardiovascular risks. BMC Med. 2015 Mar 19;13:55. doi: 10.1186/s12916-015-0285-8. PMID: 25857826; PMCID: PMC4365808.
  9. Lanas A, Polo-Tomás M, Roncales P, Gonzalez MA, Zapardiel J. Prescription of and adherence to non-steroidal anti-inflammatory drugs and gastroprotective agents in at-risk gastrointestinal patients. Am J Gastroenterol. 2012 May;107(5):707-14. doi: 10.1038/ajg.2012.13. Epub 2012 Feb 14. Erratum in: Am J Gastroenterol. 2012 Apr;107(4):639. PMID: 22334248; PMCID: PMC3368233.

Os artigos publicados neste espaço são da responsabilidade do corpo editorial da Grünenthal, S.A., tendo sido elaborados com a colaboração específica de profissionais de saúde.