O que é a dor

A Dor

A dor é "uma experiência sensorial e emocional desagradável associada, ou semelhante à associada, a danos reais ou potenciais nos tecidos"

IASP - International Association for the Study of Pain

O QUE É A DOR?

A dor é sempre uma experiência pessoal e que é influenciada a vários níveis por fatores biológicos, psicológicos e sociais. A partir das experiências de vida de cada um, aprendemos o conceito de dor, e por isso, deve-se respeitar a descrição da experiência dolorosa de cada um. A dor pode ser um sinal de aviso para uma lesão (iminente ou real), desempenhando um papel importante de prevenção e de recuperação das funções normais do organismo. No entanto, nem sempre é assim. A dor também pode ser sentida depois de a lesão estar tratada – é o caso da dor crónica. 1

A dor é um fenómeno extremamente complexo, influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Os diferentes tipos de dor e comorbilidades afetam dramaticamente a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias. 2

Por isso, deve ser considerada como uma experiência subjetiva e individual.1,2 Afinal, quem nunca pensou: “Da minha dor só eu sei!”

MODELO BIOPSICOSSOCIAL

A dor é influenciada por uma série de processos que, por sua vez, afetam bastante a dor. O modelo de dor biopsicossocial (Figura 1) ajuda-nos a compreender a natureza multifacetada da dor crónica, através dos fatores biológicos, psicológicos e sociais que estão em jogo e que levam à redução da qualidade de vida relacionada com a saúde. 3

Figura 1: Modelo biopsicossocial de dor crónica e consequências na qualidade de vida

Figura 1: Modelo biopsicossocial de dor crónica e consequências na qualidade de vida

Adaptado de Dueñas M, et al. J Pain Res. 2016;9:457–67.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA DOR

Existem alguns termos que interessam compreender para compreender a dor. Falamos de dor, dor crónica, nocicetiva, neuropática, sensibilização central.4,6

É importante compreender a diferença entre nociceção e dor: Nociceção refere-se à deteção de estímulos nóxicos pelos nociceptores, seguidos da transdução e transmissão da informação sensorial da periferia até ao cérebro. A dor, por sua vez, é o resultado do processamento desta informação pelo cérebro. A dor é a experiência sensorial e emocional desagradável gerada por sinais nervosos. É, no fundo, a resposta à nociceção. 5

O desenvolvimento e a persistência da dor estão normalmente associados a três mecanismos fisiopatológicos da dor — sensibilização nocicetiva, neuropática e central — que podem agir de forma independente ou em combinação (Figura 2).4,6 A dor nociceptiva é causada por um dano ao corpo, a dor neuropática por um dano no nervo.4

Figura 2: Três tipos de fisiopatologia da dor subjacentes às condições crónicas da dor. 7

Três tipos de fisiopatologia da dor subjacentes às condições crónicas da dor

(A) Os três principais tipos de fisiopatologia da dor dão origem a condições crónicas de dor. (B) Estes tipos de dor podem apresentar-se separadamente ou em combinação para contribuir para a experiência geral da dor. NPDd: neuropatia periférica diabética dolorosa; NPH: nevralgia pós-herpética.

Adaptado de Stanos S, et al. Postgrad Med. 2016;128(5):502–15 4

Referências

  1. Task Force on Taxonomy of the International Association for the Study of Pain (IASP). Classification of Chronic Pain: Descriptions of Chronic Pain Syndromes and Definitions of Pain Terms. IASP Press. 1994.

  2. Cuomo A, Bimonte S, Forte CA, Botti G, Cascella M. Multimodal approaches and tailored therapies for pain management: the trolley analgesic model. J Pain Res. 2019 Feb 19;12:711-714. doi: 10.2147/JPR.S178910. PMID: 30863143; PMCID: PMC6388734.

  3. Dueñas M, et al. J Pain Res. 2016;9:457–67.

  4. Clauw DJ, Essex MN, Pitman V, Jones KD. Reframing chronic pain as a disease, not a symptom: Rationale and implications for pain management. Postgrad Med 2019; 131: 185–98.

  5. Chen JS, Kandle PF, Murray I, et al. Physiology, Pain. [Updated 2022 Jul 25]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK539789/

  6. Pergolizzi JV Jr, et al. Pain Manag Nurs. 2014;15(1):380–90.

  7. Stanos S, et al. Postgrad Med. 2016;128(5):502–15.