Dor Ginecológica

DOR GINECOLÓGICA

O QUE É A DOR GINECOLÓGICA?

É uma dor sentida na região pélvica ou sacrolombar da mulher

Um dos motivos mais frequentes das consultas ginecológicas é a dor pélvica ou sacrolombar, cujas características no que diz respeito à intensidade, à duração e à localização apresentam grandes variações individuais. A dor pélvica afeta mais as mulheres do que os homens porque o organismo destas está sujeito a mais alterações, como as mudanças hormonais cíclicas, as alterações durante a gravidez, o stresse psicossocial, outras modificações durante e depois da gravidez e os ajustes que ocorrem durante a menopausa1.

CLASSIFICAÇÃO DA DOR GINECOLÓGICA

• Pode ser AGUDA ou CRÓNICA, dependendo da duração. De um modo geral, uma dor aguda está relacionada com problemas que surgem de forma repentina e que, em muitas ocasiões, implicam a realização de uma intervenção cirúrgica de urgência. Entre as situações mais comuns estão a gravidez ectópica e a torção do ovário. Por sua vez, a dor crónica pode estar associada a patologias que implicam algum tempo a revelar-se, como as aderências, a endometriose e os tumores. 2,3

• A classificação da dor ginecológica também pode ser feita de acordo com o CICLO OVÁRICO. É o caso das dores cíclicas, causadas pelas alterações hormonais como a dor da ovulação, a dismenorreia (menstruação dolorosa) ou síndrome pré-menstrual. Pelo contrário, as causas das dores não cíclicas são praticamente as mesmas que na dor crónica: aderências, doença inflamatória pélvica, congestão pélvica, endometriose, complicações de miomas e tumorações ováricas.4,5

TIPOS DE DOR GINECOLÓGICA

DOR PÉLVICA CRÓNICA

Caracteriza-se por um desconforto no baixo ventre e é uma queixa extremamente comum em mulheres. É considerada separadamente da dor perineal que ocorre em órgãos genitais externos e na pele do períneo. É uma dor com duração superior a 6 meses e, geralmente, não é cíclica.6 É causada por alterações na posição do útero, varizes nas veias do útero ou existência de anomalias nos ligamentos que sustentam o útero, muito embora muitas mulheres com estas condições não apresentem este quadro doloroso. O problema da dor pélvica crónica ocorre quando não se consegue identificar qualquer causa.

DISMENORREIA

Por norma é uma dor pélvica mais intensa do que o mal-estar que acontece habitualmente durante a menstruação. Entre 16 a 91% das mulheres em idade fértil sofrem de dismenorreia7, que pode ser primária ou secundária. A dismenorreia primária verifica-se em mulheres sem anomalias pélvicas e nas quais se observa uma grande produção de prostaglandinas, causadoras das contrações uterinas que geram a dor. A dismenorreia secundária está associada a outras patologias, como endometriose, doença inflamatória pélvica, miomas, pólipos, malformações, quistos e tumores.8

DOR PÉLVICA EM GERIATRIA

Os sintomas de dor pélvica em mulheres com mais idade podem ser imprecisos. Muitas vezes, os profissionais de saúde não estão alerta para o facto de que muitas mulheres permanecem sexualmente ativas durante toda a vida e desvalorizam sintomas que estão associados à dor pélvica como a irritação vaginal, prurido, sintomas urinários ou sangramento que muitas vezes ocorrem após o ato sexual. Esses problemas, em geral, resolvem-se após alguns dias de repouso pélvico. A revisão cuidadosa dos diversos aparelhos, com atenção à função do intestino e da bexiga, é essencial. Outros sintomas como a perda aguda do apetite sexual, a perda de peso, a dispepsia ou a mudança súbita de hábito intestinal podem ser sinais de cancro no ovário ou no útero, exigindo uma avaliação clínica completa.

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA

Esta patologia ocorre quando microrganismos patogénicos, habitualmente de transmissão sexual, atravessam as barreiras naturais da vagina e o colo do útero e chegam à cavidade uterina.9 Aí, causam endometrite (infeção do endométrio), salpingite (infeção das trompas de Falópio) e abcessos tubo-ováricos. Pode, inclusivamente, alcançar a cavidade abdominal e causar pelviperitonite. Contudo, alguns destes agentes patogénicos podem provir de outras áreas do corpo adjacentes com infeção, como o apêndice ou o sistema urinário. A dor vivenciada em consequência da doença pode ser de intensidade variável e localiza-se geralmente no baixo ventre.

SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL

Este conjunto de sintomas caracteriza-se pelo ressurgimento cíclico de uma combinação de alterações físicas, psíquicas e comportamentais que afetam a mulher com uma intensidade e uma duração suficientes para alterar a sua vida diária.10 Estas alterações, que afetam entre 30 a 40% das mulheres em idade reprodutiva11, ocorrem na segunda metade do ciclo menstrual, ou seja, 14 dias antes da menstruação. Pode caracterizar-se por dores abdominais e pélvicas, dores de cabeça, dores mamárias, entre outros sintomas físicos e de alteração do comportamento. Embora não se tenha estabelecido uma explicação que clarifique os sintomas observados, a mais importante parece ser um desequilíbrio nos níveis hormonais.

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Código Visual da dor


Referências

  1. Tettambel MA. Using integrative therapies to treat women with chronic pelvic pain. J Am Osteopath Assoc. 2007;107(10 Suppl 6):ES17-20.
  2. Hewitt GD, Brown RT. Acute and chronic pelvic pain in female adolescents. Med Clin North Am. 2000;84(4):1009-25.
  3. Speiser P. Differential diagnosis of acute and chronic pelvic pain in women. Wien Med Wochenschr. 2001;151(21-23):565-7.
  4. Muse KN. Cyclic pelvic pain. Obstet Gynecol Clin North Am. 1990;17(2):427-40.
  5. Smith RP. Cyclic pelvic pain and dysmenorrhea. Obstet Gynecol Clin North Am. 1993;20(4):753-64.
  6. Howard FM. Chronic pelvic pain. Obstet Gynecol. 2003;101(3):594-611.
  7. Ju H, Jones M, Mishra G. The prevalence and risk factors of dysmenorrhea. Epidemiol Rev. 2014;36:104-13.
  8. Osayande AS, Mehulic S. Diagnosis and initial management of dysmenorrhea. Am Fam Physician. 2014;89(5):341-6.
  9. Mitchell C, Prabhu M. Pelvic inflammatory disease: current concepts in pathogenesis, diagnosis and treatment. Infect Dis Clin North Am. 2013;27(4):793-809.
  10. Allais G, Castagnoli Gabellari I, et al. Premenstrual syndrome and migraine. Neurol Sci. 2012;33 Suppl 1:S111-5.
  11. Baker LJ, O’Brien PM. Premenstrual syndrome (PMS): a peri-menopausal perspective. Maturitas. 2012;72(2):121-5.
  12. Jones JS, et al. Gynecologic Disorders in the Older Patient. Academic Emergency Medicine. 1994; Nov/Dec, Vol 6:580-587