Como avaliar e comunicar a dor: conheça as escalas

A dor é uma realidade complexa e multidimensional, que afeta de forma global a qualidade de vida de qualquer um.

O controlo da dor é um direito das pessoas e um dever dos profissionais de saúde. Por esta razão, a Direcção-Geral da Saúde institui a dor como 5.º sinal vital1, determinando como norma de boa prática que a presença de dor e a sua intensidade sejam sistematicamente valorizadas, diagnosticadas, avaliadas e registadas. O sucesso da estratégia terapêutica depende da monitorização regular da dor em todas as suas vertentes.

É importante que qualquer doente saiba comunicar eficazmente a sua dor, para que os profissionais de saúde saibam como avaliá-la. Uma dor não identificada não poderá ser tratada e a sua não quantificação impede uma avaliação das necessidades de intervenção ou da eficácia dos tratamentos.

Não desvalorize a sua dor

A dor não controlada tem consequências imediatas e a longo prazo pelo que deve ser prevenida. A avaliação é fundamental para o controlo da dor. Fale sempre com o seu médico. O doente deve preocupar-se, de igual modo, com uma escuta ativa e atenta das indicações médicas, fazendo todas as perguntas necessárias4. Ficar com dúvidas e perpetuar qualquer mal-entendido não é solução.

Na consulta médica, ajude o seu médico a analisar a sua dor descrevendo-a de acordo com2:

  • Evolução/duração: Há quanto tempo tem a dor? É contínua ou vai e vem? Quanto tempo dura?
  • Localização: Onde é que dói? A dor irradia (espalha-se) para outras partes ou é localizada? Descreva muito bem o local da dor.
  • Qualidade: Como descreve a sua dor? Procure palavras que possam descrever melhor, ajudando o médico a avaliar a dor. Compare com palavras como queimadura, facada, formigueiro, em espasmos, etc. Veja mais sobre o Código Visual da Dor, uma ferramenta visual de apoio à identificação dos descritores de dor.
  • Intensidade: Qual a intensidade da dor? A utilização das 4 escalas (abaixo) pode ser muito útil neste caso.
  • Sintomas associados: Que outros sintomas acompanham a sua dor? Qual a sua intensidade? Procure identificar outros sintomas que acompanham a dor, tais como: obstipação, fadiga, náusea, insónia, perda de apetite.
  • Fatores que aumentam ou diminuem: Que circunstâncias ou fatores laterais podem fazer com que a dor aumente ou diminua?

O seu médico deverá avaliar a causa, a gravidade e a natureza da dor e o seu efeito sobre atividades, humor, cognição e sono. A avaliação da causa da dor aguda (p. ex., dor lombar, dor torácica) difere da avaliação da dor crónica.

Deve-se avaliar o nível funcional do doente, concentrando-se nas atividades cotidianas (p. ex., vestir-se, tomar banho), trabalho, passatempos e relações interpessoais.

A intensidade da dor deve ser avaliada antes e após intervenções potencialmente dolorosas. Em doentes capazes de verbalizar, o autorrelato é o padrão-ouro e os sinais externos de dor (p. ex., chorar, estremecer, balançar) são secundários. Para doentes com dificuldades de comunicação e em crianças pequenas, os indicadores não verbais (comportamentais e algumas vezes psicológicos) podem ser a fonte primária de informação.

Conheça as escalas de dor1,3:

Escala Visual Analógica (EVA)

A Escala Visual Analógica consiste numa linha horizontal, ou vertical, com 10 centímetros de comprimento, que tem assinalada, numa extremidade, a classificação “Sem Dor” e, na outra, a classificação “Dor Máxima”.

O doente faz uma cruz ou um traço perpendicular à linha no ponto que representa a intensidade da sua dor. Mede-se, em centímetros, a distância entre o início da linha, que corresponde a zero, e o local assinalado, obtendo-se a classificação numérica.

Escala Numérica (EN)

A Escala Numérica consiste numa régua dividida em onze partes iguais, numeradas, sucessivamente, de 0 a 10. Esta régua pode apresentar-se ao doente na horizontal ou na vertical e o doente faz a equivalência entre a intensidade da sua dor e a classificação numérica.

Escala Qualitativa (EQ)

Na Escala Qualitativa, solicita-se ao doente que classifique a intensidade da sua dor, de acordo com os seguintes adjetivos: “Sem Dor”, “Dor Ligeira”, “Dor Moderada”, “Dor Intensa” ou “Dor Máxima”.

Escala de Faces (EF) – convertida em escala numérica para efeitos de registo

Com a Escala de Faces, o doente classifica a intensidade da sua dor de acordo com a mímica representada em cada face desenhada.


Referências

  1. https://www.aped-dor.org/documentos/DGS-dor_como_5_sinal_vital_-_2003.pdf
  2. https://www.vidaativa.pt/como-avaliar-a-dor/
  3. https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/publicacoes/Documents/cadernosoe-dor.pdf
  4. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/distúrbios-neurológicos/dor/avaliação-da-dor